Assista nossos Programas

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Alta do dólar impulsionou turismo interno no Brasil.


Crédito: Secretaria de Aviação Civil
Gustavo Henrique Braga

Dados divulgados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) nesta segunda-feira (18) confirmam que a China continua a ser a líder global na saída de turistas para outros países, com benefício a mercados como Japão, Tailândia e Estados Unidos. O balanço de 2015 da organização mostra ainda que o número de viajantes internacionais cresceu 4,4% em 2015 – o sexto crescimento anual seguido do setor – o equivalente a 1,184 bilhão de viagens internacionais. Atento às oportunidades deste mercado que vem crescendo ano a ano, o Ministério do Turismo tem investido em um conjunto de ações para atrair cada vez mais turistas de outros países.

Entre as iniciativas recentes está o cadastramento de mais de 300 agências de turismo brasileiras junto ao Ministério do Turismo, em dezembro, interessadas em receber grupos de turistas chineses no Brasil. O cadastramento é resultado de uma negociação entre os governos brasileiro e chinês para ampliar o número desses turistas no Brasil e ampliar o turismo de negócios e lazer, potencializando a atração de investimentos estrangeiros no país.

O comunicado da OMT mostra que países com economias avançadas registraram, em 2015, crescimento médio de 5%, enquanto países emergentes tiveram crescimento médio de 4%. Para 2016, a organização projeta que o setor irá crescer 4%, puxado pela Ásia e Américas que devem crescer entre 4% e 5%. A estimativa é que a Europa cresça entre 3,5% e 4,5%. Para África e Oriente Médio a projeção também é positiva, com crescimento estimado entre 2% e 5%, porém com maior grau de incerteza e volatilidade.

VISTOS – Outra ação desenvolvida pelo Ministério do Turismo para receber mais turistas estrangeiros foi a publicação da portaria 216, em 30 de janeiro, que estabeleceu a isenção de vistos para visitantes da Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão entre 1º de junho e 18 de setembro de 2016. A medida levou em conta uma série de fatores, tais como elevado fluxo emissivo internacional dos países escolhidos, histórico positivo no envio de turistas ao Brasil, países que mais gastam no Brasil, forte tradição olímpica e baixo risco migratório e de segurança.

Ainda segundo o comunicado, a alta do dólar contribuiu para a redução de viagens internacionais dos brasileiros. Em contrapartida, este mesmo fator fortaleceu o turismo interno ao fazer com que os viajantes brasileiros optem cada vez mais por destinos domésticos, além de tornar o Brasil um destino ainda mais competitivo no mercado internacional.

Segundo o estudo Sondagem do Consumidor– Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, divulgado em janeiro, os destinos nacionais deverão ser a escolha de cerca de 9 em cada 10 brasileiros nas próximas viagens, incluindo as férias de verão e carnaval. Entre os entrevistados, 86,4% afirmaram que desejam conhecer mais o Brasil, um crescimento de 8% em relação a dezembro de 2014. Para os viajantes, as regiões Nordeste (36,9%) e Sudeste (36,8%) serão as mais procuradas, seguidas do Sul (17,3%), Centro-Oeste (6,4%) e Norte (2,6%).

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Nova Ortografia. Inova?‏

*Marcilene Bueno

Desde o dia primeiro de janeiro de 2016 não mais coexistem duas normas ortográficas no Brasil. Enfim, a Nova Ortografia, cuja assinatura se deu em 1990, a vigência internacional em 2007 e, pelo decreto da Presidência da República, número 6583, produz seus efeitos no Brasil a partir de primeiro de janeiro de 2009, é a única norma ortográfica a ser respeitada em nossa língua escrita. 

Importante, porém, além de todos os aspectos linguísticos e gramaticais que já foram amplamente discutidos, é entender em quê essa ortografia é nova, ou melhor, inova e qual a importância de a conhecermos e usarmos.

Pra começar, vamos entender que ortografia – grafia correta – é um conjunto de regras arbitrárias e convencionais, em sua maioria irregulares. Ou seja, poucos princípios se aplicam a todas as palavras. Poucos mesmo. Um bom exemplo das poucas regularidades é que em língua portuguesa nenhuma palavra começa com “rr” e sempre, antes de “p” e “b”, usamos a letra m para marcar nasalidade. Mas é possível contar nos dedos, de uma mão, outras regularidades como as citadas. O que quero dizer com isso? Que não há uma lógica (intrínseca e inquestionável) no registro escrito da língua portuguesa: há tendências e influências, sobretudo etimológicas.

Aquela desesperada procura de todo falante da língua pela (“lógica”) correspondência entre a sonoridade e a grafia, é uma ilusão tremenda. Não existe correspondência absoluta entre letra e som nem no alfabeto da língua portuguesa e, por consequência, nem nas palavras, frases, textos!! Uma única letra pode representar vários sons – letra “x”: xícara, tóxico, exagero -, um único som pode ser representado por várias letras – som [s]: suave, assalto, acento, discente, criança, expectativa. Por quê? Porque a língua é um organismo vivo e incontrolável cuja evolução tentamos bravamente frear. Assim, sempre haverá mudanças, novidades, inovações, especialmente, na língua falada. Na escrita, há regras que contribuem para a conservação. Nessa tensão – inovação/conservação – vivemos.

E, ao contrário do que muitos possam pensar, o esforço de conservação do registro escrito de uma língua não a prejudica, mas a favorece possibilitando que, por um determinado tempo, todos os usuários reconheçam, sem dificuldades, os signos de uma língua. Ou seja, embora na sonoridade haja diferenças, na escrita o registro será sempre o mesmo: porta. Por isso, para textos é fundamental que se dominem as regras de ortografia porque escrita é um espaço onde variações não são admitidas. Não dá pra usar de um jeito no primeiro parágrafo e de outro no último. Ou hoje com um “s”, amanhã com dois “s”; já na fala, variações não causam espanto algum.

Então, mudanças ortográficas como retirada de acentos, ainda que “novas”, não indicam liberdade, continuam sendo regras de conservação. A norma gramatical, como a ortográfica, é instrumento de uniformização. Perdoem-me a rima, mas, mesmo assim, houve inovação?

Sim. Até houve. Dois aspectos inovadores devem ser destacados na nova norma ortográfica: concessões dos anteriormente dois sistemas vigentes – português e brasileiro e admissão do princípio fonético para o registro escrito de algumas palavras. Ou seja, inovação porque há uma tendência para pensar formas de uniformização, ao menos escrita, da língua portuguesa onde quer que seja usada e também em relação à simplificação das regras com a admissibilidade do princípio fonético – escrever de acordo com a sonoridade -, ainda que incipiente, em palavras que, por exemplo, passam a admitir dupla grafia: fêmur e fémur. Porém, nossa ortografia, embora nova, tem pretensão de conservar, não de inovar.

Enfim, ortografia é assunto interessante, complexo e de obrigatório aprendizado para todos os cidadãos que utilizam a língua portuguesa. As novas regras a simplificaram? A prejudicaram? Havia ou não necessidade de mudança? Houve avanço, retrocesso? Tais discussões hoje são inúteis. Fundamental, sem dúvida, é mudar o foco para alcançar o que importa: aprender as regras ortográficas. E para a aprendizagem, sim, a inovação das estratégias e métodos é absolutamente necessária. Mas esse é um assunto para o nosso próximo artigo.

Sobre a professora Marcilene Bueno

Doutoranda em "Innovation in Engineering Education", na UNESP de Guaratinguetá-SP, mestre em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996). Professora do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, graduação e pós-graduação. É pesquisadora, desde 2013, do Laboratório de Metodologias Inovadoras, no UNISAL, campus Lorena, atuando também na formação de professores e realizando experiências práticas na área de metodologias ativas, especialmente, "peer instruction", "team-based learning" e "writing across the curriculum".